Se você já usou um modelo de linguagem como o GPT-4 para resolver um problema de matemática ou escrever código complexo, provavelmente notou que ele demora mais do que o normal. Não é lenta conexão. É porque o modelo está pensando - e cada pensamento custa dinheiro.
O que são think tokens e por que eles importam?
Think tokens são os passos intermediários que modelos de raciocínio geram antes de chegar à resposta final. Em vez de dar uma resposta direta, eles escrevem uma série de etapas lógicas: "Primeiro, preciso entender a fórmula. Depois, substituir os valores. Depois, calcular o expoente...". Isso parece útil - e é. Mas cada palavra, cada símbolo, cada vírgula nesses passos conta como um token. E tokens = custo.
Modelos tradicionais, como o GPT-4-turbo, geram em média 500 tokens por resposta. Modelos de raciocínio como o DeepSeek-R1 ou o OpenAI o1 podem gerar entre 1.500 e 2.000 tokens na mesma tarefa. Isso significa que, para a mesma pergunta, você está pagando até 4 vezes mais. E isso não é um erro. É o design.
Quando vale a pena usar um modelo de raciocínio?
Não use um modelo de raciocínio para responder "qual é a capital da França?". Isso é desperdício. Use quando o erro custar mais do que o token.
- Resolução de problemas matemáticos complexos: Modelos como o DeepSeek-R1 conseguem acertar 69,1% das questões do AIME (Olimpíada Americana de Matemática). Modelos normais ficam em torno de 40%. Se você está treinando alunos para competições ou validando algoritmos financeiros, essa diferença vale o custo.
- Código de produção: No SWE-bench, um benchmark de bugs reais em repositórios do GitHub, modelos de raciocínio corrigem 63,8% dos erros. Modelos normais, apenas 35%. Para startups que não têm equipe de DevOps, isso pode reduzir horas de trabalho manual.
- Decisões críticas com múltiplas variáveis: Em análise de risco, simulações científicas ou diagnósticos médicos auxiliados por IA, um erro pode ter consequências reais. Aqui, 87,7% de acurácia no GPQA (benchmark de perguntas de conhecimento geral avançado) faz toda a diferença.
Se a tarefa exige precisão acima de 90%, e o erro custa tempo, dinheiro ou reputação, então sim - pague pelo pensamento.
Quanto custa realmente pensar?
Aqui está o mapa de custos reais em dezembro de 2025:
| Modelo | Custo por milhão de tokens | Acurácia MMLU | Acurácia em código (SWE-bench) | Latência média |
|---|---|---|---|---|
| OpenAI o1 | $75 | 90,5% | 70,3% | 5,2s |
| DeepSeek-R1 | $40 | 84,2% | 63,8% | 4,1s |
| Qwen-Max | $15-22,5 | 78,2% | 59,1% | 3,8s |
| DeepSeek-R1-distilled | $9 | 84,0% | 58,7% | 2,9s |
| GPT-4-turbo (normal) | $10 | 85,1% | 35,2% | 1,2s |
Repare: o DeepSeek-R1-distilled é quase tão preciso quanto o original, mas custa 80% menos. E ainda é 4x mais caro que o GPT-4-turbo normal. Mas ele resolve problemas que o normal não consegue.
Um desenvolvedor na Reddit relatou gastar $1.200 por mês só com o o1 para modelar riscos financeiros. Mas disse que economizou $3.000 em horas de trabalho de engenharia. O retorno é claro - mas só se você monitorar.
Os perigos do pensamento sem controle
Um dos maiores erros que empresas cometem é deixar modelos de raciocínio rodando sem limites. Imagine um chatbot que, para cada pergunta de um cliente, gera 1.500 tokens de raciocínio. Se 500 pessoas usam por dia, você gera 750 milhões de tokens por mês. A $40 por milhão, isso dá $30.000 só em tokens.
Startups já tiveram faturas de nuvem triplicadas em um mês por causa disso. A CTO Sarah Chen, de uma startup de saúde, reduziu o uso de modelos de raciocínio em 70% depois de instalar um sistema de monitoramento de tokens. Ela não desativou o recurso - apenas limitou quando ele era acionado.
68% das avaliações negativas em plataformas como G2 citam "custos ocultos por think tokens excessivos". Isso não é falha do modelo. É falha do uso.
Como controlar os custos sem perder desempenho
Existe uma forma de ter o melhor dos dois mundos: pensamento profundo só quando necessário.
- Use "raciocínio adaptativo": Se a pergunta for simples ("quais são os sintomas da gripe?") - use um modelo normal. Se for complexa ("como otimizar este algoritmo de previsão de demanda?") - ative o raciocínio completo. Isso reduz o uso de tokens em até 50%.
- Defina limites de tokens por requisição: Configure seu sistema para cortar o raciocínio após 1.200 tokens. Isso evita que o modelo entre em loops infinitos de pensamento.
- Use versões "distiladas": O DeepSeek-R1-distilled oferece 99,8% da acurácia do modelo original, mas com custo 80% menor. Para a maioria das aplicações, isso é suficiente.
- Experimente novas abordagens como DisCIPL: Pesquisadores do MIT criaram um sistema que faz o modelo "pensar" em código Python em vez de texto. Isso reduz o uso de tokens em 40% e corta custos em 80% comparado ao o1. Ainda é novo, mas promissor.
Um estudo da ML Collective mostrou que 87% das implementações bem-sucedidas usam alguma forma de controle de token. O segredo não é evitar o pensamento - é controlá-lo.
Quem está usando isso e por quê?
A adoção não é uniforme. Segundo a McKinsey, os setores que mais adotam modelos de raciocínio são:
- Finanças: 58% das instituições usam para análise de risco, detecção de fraude e modelagem de mercados.
- Pesquisa científica: 52% usam para interpretar dados complexos, simulações físicas e análise de sequências genéticas.
- Desenvolvimento de software: 47% usam para revisão de código, correção de bugs e geração de testes automatizados.
Em contraste, apenas 28% dos desenvolvedores individuais usam esses modelos com frequência. A maioria os reserva para projetos pontuais - porque o custo mensal médio para empresas é de $8.500, segundo a Scale AI.
Se você é um desenvolvedor independente, não precisa de um modelo de raciocínio todos os dias. Mas se você trabalha em um time de engenharia com 5 ou mais pessoas, e suas tarefas envolvem lógica, matemática ou código, o retorno sobre o investimento é real - desde que você controle os tokens.
O futuro: menos pensamento, mais inteligência
O que vem a seguir? Modelos que pensam menos, mas melhor.
A OpenAI já anunciou o o3-mini, chegando em fevereiro de 2026. Ele terá 80% do desempenho do o3, mas custará 40% menos. O DeepSeek lançou o R1-distilled-7B em janeiro de 2026, com acurácia de 84% e custo de apenas $9 por milhão de tokens - quase o mesmo preço de um modelo normal, mas com pensamento profundo.
Estudos do MIT mostram que 63% dos passos de raciocínio são desnecessários. O novo "Reasoning Budget" framework já consegue cortar esses passos sem perder precisão. O futuro não é mais pensamento - é pensamento inteligente.
E a tendência é clara: até 2027, 60% das empresas vão gerenciar seus think tokens como um orçamento - como se fossem litros de combustível. Quem não fizer isso, vai pagar caro por pensar demais.
Resumo: quando usar, quando evitar
- Use modelos de raciocínio quando: Precisar de acurácia acima de 90%, resolver problemas matemáticos complexos, corrigir código de produção, ou tomar decisões críticas onde o erro tem alto custo.
- Evite quando: A pergunta é simples, a resposta é direta, ou você não pode controlar o custo por token.
- Reduza custos com: Versões distiladas, limites de tokens, raciocínio adaptativo e novas técnicas como DisCIPL.
- Monitore sempre: Sem rastreamento de tokens, você não sabe o que está pagando. Use ferramentas como LangSmith ou implemente seu próprio sistema de logging.
O pensamento não é grátis. Mas quando bem direcionado, é o que separa uma IA útil de uma IA que apenas repete o óbvio.
Modelos de raciocínio são melhores que modelos normais?
Não sempre. Modelos de raciocínio são melhores em tarefas complexas que exigem lógica, matemática ou código - como resolver equações ou corrigir bugs. Mas para perguntas simples, como "qual é a capital do Brasil?", eles são mais lentos e mais caros. O modelo normal é mais eficiente para isso.
Por que o DeepSeek-R1 custa menos que o OpenAI o1?
O DeepSeek-R1 é um modelo aberto, desenvolvido com menos recursos de marketing e infraestrutura de nuvem. Ele não tem os custos operacionais da OpenAI, como suporte 24/7, segurança empresarial ou integração com produtos como ChatGPT. Isso permite que ele ofereça desempenho próximo ao o1, mas com custo 45% menor.
Posso usar modelos de raciocínio em um orçamento limitado?
Sim, mas com cuidado. Use versões distiladas como o DeepSeek-R1-distilled, que custam $9 por milhão de tokens - quase o preço de um modelo normal. Limite o uso apenas para tarefas críticas. Monitore seus tokens. Com essa abordagem, você pode usar raciocínio sem quebrar o orçamento.
O que é o DisCIPL e por que é importante?
DisCIPL é uma nova técnica do MIT que faz modelos de raciocínio "pensarem" em código Python em vez de texto. Isso reduz o número de tokens em até 40% e corta os custos em 80% comparado ao OpenAI o1. É importante porque mostra que o pensamento em IA pode ser muito mais eficiente - não precisamos de mais tokens, precisamos de melhor forma de pensar.
Como saber se estou gastando demais com think tokens?
Verifique o número médio de tokens por requisição. Se está acima de 1.500 tokens e a tarefa não é complexa, você está gastando demais. Use ferramentas de monitoramento como LangSmith ou crie um sistema simples que registre tokens por usuário. Se seu custo mensal com IA ultrapassar 30% do orçamento de TI, é hora de revisar.
Modelos de raciocínio vão substituir os modelos normais?
Não. Eles vão coexistir. Modelos normais serão usados para atendimento, resumos, tradução e respostas rápidas. Modelos de raciocínio serão usados para tarefas onde o erro é caro. O futuro é híbrido: o sistema escolhe automaticamente qual modelo usar com base na complexidade da pergunta.