Estresse: opções de remédios OTC e dicas práticas para alívio seguro
Por Bianca Moreira, jul 16 2025 1 Comentários

Se tem uma coisa que parece epidemia silenciosa neste século, é o estresse. E nem precisa de estatística pra enxergar: basta lembrar da última vez que seu grupo de amigos conversou e não mencionou trabalho, boletos, filho doente ou aquela insônia insistente. Há quem tente aguentar na raça, outros já apelam para aquela prateleira tentadora da farmácia, cheia de opções OTC — os famosos remédios de venda livre. Mas será que vale mesmo a pena? E, afinal, o que realmente funciona?

O que são os medicamentos OTC e por que tanta gente recorre a eles?

OTC significa "over the counter" — ou seja: qualquer remédio que você pode comprar direto no balcão da farmácia, sem receita. Aspirina é clássica, mas a família dos OTC vai muito além da dor de cabeça. Tem analgésicos, antiácidos, pastilhas para garganta, vitaminas… e, claro, um arsenal de produtos que prometem acalmar, ajudar a dormir e mandar o nervosismo embora. Segundo dados da Abrafarma, o mercado brasileiro de OTC movimentou mais de R$ 30 bilhões em 2024, e as vendas de ansiolíticos naturais cresceram quase 20% em comparação ao ano anterior — o reflexo direto do aumento da ansiedade e do estresse pós-pandemia.

É fácil entender o apelo: são fáceis de achar, têm preços variados e parecem ter poucos riscos porque, afinal, estão ali ao alcance de todos. Só que nem sempre é assim tão simples — até um remedinho natural pode provocar efeitos indesejados, interagir com outros medicamentos e, em casos mais extremos, até provocar dependência psicológica. Mas calma, não é papo pra assustar: informação e bom senso fazem toda diferença na decisão.

Principais tipos de OTC usados para combater o estresse

No Brasil, não existem remédios controlados OTC para diminuir o estresse de verdade. Nada de clonazepam, diazepam, rivotril sem receita, por exemplo. Mas existem opções "naturais" e fitoterápicas que se tornaram populares, principalmente depois do boom dos influenciadores wellness. Entre eles:

  • Passiflora incarnata (Maracujá): utilizada há séculos, o extrato do maracujá é famoso pelas propriedades calmantes. A ciência comprova? Estudos mostram algum efeito na ansiedade leve, mas não substitui remédio de verdade.
  • Valeriana: planta originária da Europa, virou hit entre quem sofre para dormir. A pesquisa é mista, mas muitos relatam sensação de relaxamento depois de alguns dias.
  • Melissa (erva-cidreira): caiu no gosto das mamães ansiosas (me incluo nessa lista). Uma infusão de chá, cápsula ou até óleos, prometendo restauração do sono e diminuição do estresse.
  • Suplementos de magnésio e complexo B: deficiências dessas vitaminas podem piorar quadros de ansiedade. Tomar suplemento costuma dar um gás, mas nada de milagres.
  • Melatonina: não é calmante propriamente dito, mas o hormônio do sono é vendido OTC em farmácias e pode ajudar quem sofre com insônia decorrente do estresse.

Tem ainda o floral de Bach, aromaterapia e outros produtos, mas a verdade é que faltam grandes estudos científicos pra garantir que funcionam. Cada organismo sente de um jeito diferente, e o placebo (aquele efeito de melhorar só por acreditar) tem peso forte nesse tipo de produto.

O que realmente funciona? O que é apenas marketing?

O que realmente funciona? O que é apenas marketing?

A indústria da saúde adora vender promessa. Só que quando o assunto é apoio ao estresse, nem tudo que reluz é ouro. Uma análise publicada na revista JAMA em 2023 reuniu vários estudos sérios sobre fitoterápicos para ansiedade leve e estresse, e o resultado foi: produtos como maracujá, valeriana e melissa até ajudam um pouco, mas costumam ser coadjuvantes — nada de esperar revolução em episódios de ansiedade forte ou quadros crônicos.

Tem fabricante que investe pesado na embalagem — frases como "Equilíbrio total em minutos!" e "Desperte seu melhor sem stress!" — mas dane-se se falta comprovação. O consumidor quer solução fácil. É aí que mora o perigo: você desenvolve uma falsa segurança e deixa de procurar estratégia que realmente funciona, como terapia, mudanças reais no dia a dia e, em casos mais graves, acompanhamento médico.

E vale lembrar: suplementos não são inofensivos. Eles podem causar alergia, dar sono demais no meio do expediente, mexer na pressão ou até atrapalhar quem já toma remédio para depressão ou antiepiléptico. A mistura sem orientação nunca é boa ideia — principalmente se você já toma outros medicamentos regularmente.

Alternativas práticas além dos remédios OTC

Agora vem o lado que ninguém quer ouvir — mas que salva muito adulto estressado (e mãe cansada): o remédio OTC pode segurar a onda numa noite ruim ou semana difícil, mas criar rotina de autocuidado é o verdadeiro segredo. E aqui não é discurso motivacional, são fatos. O famoso estudo "Whitehall II", feito em Londres com mais de 10 mil pessoas, mostrou que hábitos como caminhada diária, contato com natureza, meditação e alimentação equilibrada reduziram riscos de estresse crônico em mais de 40% ao longo de sete anos.

A gente subestima o poder de:

  • Dormir cedo, longe da tela do celular;
  • Tomar banho quente antes de deitar;
  • Comer frutas e beber água ao invés de encher a cara de café ou energético;
  • Praticar respiração profunda (tem exercício de três minutos que funciona demais);
  • Compartilhar preocupações — conversar honestamente com um amigo, família ou terapeuta;
  • Montar uma lista de prioridades e assumir que não dá pra abraçar tudo ao mesmo tempo;
  • Desligar de grupos tóxicos, seja no WhatsApp, seja no trabalho.

Esse combo pode parecer meio clichê, mas muda tudo a longo prazo. E funciona até melhor do que muita cápsula milagrosa.

Dicas de uso seguro e o que evitar ao recorrer aos OTC

Dicas de uso seguro e o que evitar ao recorrer aos OTC

Tudo bem querer desafogar o estresse do dia a dia, mas automedicação crônica pode virar cilada. Aqui vão algumas dicas que aprendi na marra, perguntando pra médicos de confiança e vivendo no caos doméstico entre o Ezequiel e a Amara:

  • Nunca combine vários produtos calmantes OTC de uma vez. O efeito pode ser bem mais forte do que o planejado — já aconteceu comigo de quase dormir dando janta pras crianças.
  • Preste atenção no que está tomando junto. Exemplo: valeriana e anti-histamínicos aumentam o risco de sono exagerado, atrapalham quem dirige ou opera máquina.
  • Alguém menor de 12 anos ou grávida nem deve pensar em tomar OTC calmante sem conversar com pediatra ou obstetra. Tem produto natural que faz mal sim!
  • Se depois de alguns dias o sintoma não melhorar, pare, não aumente dose nem misture substâncias — hora de buscar orientação profissional.
  • Desconfie de fórmulas milagrosas e lojas online sem procedência clara. Já vi produtos importados falsificados rodando grupos do WhatsApp, prometendo resultado imediato.
  • Guarde os frascos dos suplementos, anote efeitos e, caso procure um médico, leve tudo: isso facilita muito entender possíveis interações ou reações.

Outra coisa: não entre no ciclo de usar álcool, cigarro ou qualquer droga para relaxar. Parece óbvio, mas o vício pega gente de surpresa, principalmente quando ansiedade vira rotina. O efeito é sempre passageiro, depois a ressaca emocional só piora a situação.

Produto OTC Benefício Relatado Tempo para Efeito Pontos de Atenção
Maracujá (Passiflora) Redução leve da ansiedade 1 a 2 horas Pode causar sono, não misturar c/ outros sedativos
Valeriana Melhora discreta no descanso e sono 1 semana (uso contínuo) Interage com remédios para depressão
Melissa (erva-cidreira) Relaxamento leve 30 minutos Evite excesso p/ não baixar pressão
Magnésio/Complexo B Ajuda em casos de deficiência Variável Necessário checar níveis antes
Melatonina Regula o ciclo do sono De 30 min até 2 horas antes de dormir Proibida para menores de 19 anos no Brasil sem receita

Resumindo? A farmácia pode quebrar um galho, mas alívio duradouro pra estresse vem mesmo quando a gente acha um jeito mais equilibrado de viver — seja trocando rotina, seja abrindo o jogo com gente confiável, seja buscando um olhar profissional. E não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda. Não é papo de autoajuda — é garantir saúde pra brincar com os filhos, dar conta do trabalho e chegar no fim do dia com um pouco de energia pra si mesma. Porque, né… estresse a gente sempre vai ter, mas saber o que tomar (ou não tomar) faz TODA diferença.

1 Comentários

Matheus Ribeiro

Caramba, esse tema de estresse e remédios OTC é tão delicado, né? Sempre fico pensando qual a fronteira entre cuidar de si mesmo e a automedicação perigosa, que pode ser um tiro no pé. Afinal, usar algo sem o acompanhamento médico pode até piorar o quadro.

Gostei que o post trouxe dicas práticas além dos remédios, porque às vezes a solução está no dia a dia, no simples. Será que existem alguns desses remédios OTC que realmente podem ser considerados “inofensivos”? Ou tudo depende da pessoa e do contexto?

Eu acho que tanto o psicológico quanto o físico precisam ser cuidados em conjunto, por isso acho que quem vive no estresse constante deveria investir mais em terapias e hábitos saudáveis do que em pílulas milagrosas. Alguém aí já teve uma experiência positiva com remédios OTC para o estresse, ou acha que tudo isso é mais pensamento mágico?

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